Transtorno de Personalidade Borderline – Terapêutica

Em geral o borderline utiliza os atendimentos de emergência da psiquiatria e de outras clínicas médicas, em virtude de explosões agressivas, tentativas de suicídio, comportamentos autodestrutivos, queixas somáticas. Por vezes torna-se um caso policial, com boletins de ocorrência, detenções, em decorrência de atitudes anti-sociais.

Quando encaminhado para atendimento psiquiátrico e/ou psicológico, quase sempre se torna usuário da rede de saúde pública, tendendo a estabelecer uma relação negativa com esses serviços e profissionais, marcada pela hostilidade e pelo abandono do tratamento, não raro provocando na equipe multiprofissional sentimentos de hostilidade e impotência.

As ameaças e o risco suicida podem acarretar sérias mudanças terapêuticas, levando a modificações do pré-estabelecido, de acordo com a sensibilidade preditiva do terapeuta, que precisa ficar alerta para a necessidade de uma hospitalização, podendo também implicar problemas éticos e legais.

A função do terapeuta é ajudar o paciente a começar a pensar, tentando transformar os tumultuados sentimentos, sensações, impulsos em palavras, contendo dessa forma o ímpeto de agir sem pensar e colocar-se em confusão.

Deve-se considerar que a escolha de uma modalidade terapêutica pauta-se em um modelo diagnóstico, em um referencial teórico. O nível de severidade da patologia, os objetivos da técnica, a motivação e a demanda do paciente, as possibilidades reais de permanência no tratamento, os recursos ambientais e familiares disponíveis, a realidade social e principalmente os recursos internos do terapeuta, devem ser cuidadosamente avaliados.

Considerando-se que o transtorno de personalidade em geral não é reconhecido pela pessoa que o apresenta, por ser egossintônico (em sintonia com o ego) e somente uma séria desestabilização nos padrões patológicos possibilita um espaço para a percepção da dificuldade ou sintoma, essa abertura deve ser aproveitada para se mobilizar os recursos egóicos do paciente e colocá-lo em tratamento nesse momento específico, a fim de que possa encontrar uma solução mais adaptativa para suas dificuldades e desenvolver a possibilidade de uma psicoterapia intermitente, á qual possa retomar quando necessário.

Torna-se necessário avaliar os resultados obtidos por cada paciente de acordo com suas possibilidades e limitações, para que os progressos possam ser considerados e integrados na relação terapêutica.

A eficácia de uma psicoterapia parece intimamente relacionada com a capacidade de contenção do terapeuta e com o manejo não só da transferência, mas também da contratransferência.

Levando-se em conta que o quadro borderline se caracteriza pela instabilidade afetiva, qual é o nível que tal instabilidade precisa atingir para que o indivíduo procure tratamento?

Pode-se considerar esse momento de busca de ajuda, como um momento crítico, onde as habituais formas de lidar com a realidade interna e externa falham e ele sente-se mais vulnerável para receber algum tipo de ajuda na tentativa de solucionar tal situação ou questão?

Referencias Bibliográficas:

ROMARO, R.A. Psicoterapia breve dinâmica com pacientes borderline: uma proposta viável. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2000.
ROMARO, R.A. Transtorno de Personalidade Borderline: abordagem psicoterápica. In: 8º Ciclo de Estudos em Saúde Mental, p. 124-36, 2000.

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