Transtorno de Personalidade Borderline

O transtorno de personalidade borderline tem provocado um grande impacto social e familiar, devido à suas manifestações psicopatológicas compreenderem muitas facetas e características de comportamentos mal-adaptados e sintomáticos. Entre elas:

  • uma dificuldade marcada no controle dos impulsos, com ênfase em comportamentos agressivos e autodestrutivos (abuso de substâncias, de álcool, automutilações, distúrbios alimentares, pequenos furtos, tendência à promiscuidade, gastos excessivos, jogo compulsivo etc.);
  • o ódio e a raiva como sentimentos predominantes;
  • tendências paranóides, sentindo-se perseguido e injustiçado;
  • estados depressivos e tentativas de suicídio;
  • estabelecimento de relações interpessoais caóticas, agressivas, nas quais tende a se misturar com o outro, manipular;
  • instabilidade afetiva (8 ou 80);
  • dificuldades no ambiente de trabalho e/ou escolar, com baixa produtividade;
  • queixas orgânicas recorrentes;
  • dificuldades em manter o precário equilíbrio emocional em situações pouco estruturadas, podendo desenvolver surtos psicóticos frente a situações impactantes.

Trata-se de um ser frágil, às vezes cordial, amigável, competente, até envolver-se em situações difíceis, estressantes, em que aflora um padrão característico de desorganização, instabilidade da auto-imagem, humor e relações interpessoais, sendo propenso a episódios psicóticos breves em momentos de intensa ansiedade ou em situações não estruturadas. Pode experimentar sentimentos de depressão, ansiedade, pânico, raiva, confusão, tendência à auto-agressão, com relacionamentos repletos de “cenas”, parecendo não prever as conseqüências de seus atos, guiando-se mais pelo princípio do prazer (acaba por representar para o outro ora o céu, ora o inferno).

O conjunto das queixas assemelha-se a um quebra-cabeça, com peças ou fragmentos de vários tamanhos, cores, padrões e texturas, que destoam, não se encaixando. Essa contradição é uma tônica em sua vida e experiências, podendo mesmo chegar a dissociações que assumem características próximas a múltiplas personalidades, gerando naqueles com quem convive um sentimento de perplexidade, de incômodo, que pode evoluir para o abandono.

Em seu mundo interno, divide as pessoas em duas categorias: boas e más, amigas e inimigas. Idealiza uma relação em que haja uma harmonia total, esperando muito do outro, o que resulta em desilusões constantes. Pelo alto nível de expectativas em relação aos outros e as freqüentes desilusões, muitas vezes sua atitude torna-se marcada pelo cinismo, amargura, fantasias de vingança, com profundo sentimento de desconfiança. Ao mesmo tempo em que deseja, teme sentimentos profundos e autênticos, pelo medo de sofrer, acentuando a sensação de vazio interior, a falta de sentido na vida, com tendência à depressão.

Referências Bibliográficas:

ROMARO, R.A. Psicoterapia breve dinâmica com pacientes borderline: uma proposta viável. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2000.
ROMARO, R.A. Transtorno de Personalidade Borderline: abordagem psicoterápica. In: 8º Ciclo de Estudos em Saúde Mental, p. 124-36, 2000.
ROMARO, R.A. Avaliação da psicoterapia breve dinâmica com pacientes borderline. Anais do I Congresso de Psicologia Clínica. São Paulo, v.1, p.249-53, 2001.

15 comments on “Transtorno de Personalidade Borderline

  1. Dra. Rita Romaro para se fechar um diagnóstico de Transtorno de Personalidade de Borderline, é preciso quais profissionais para se fechar um resultado ou apenas um psicólogo pode?
    Gostaria de uma orientação.

  2. Dra. Meu filho tem todas essas características desse distúrbio. Inclusive ele está internado involuntário porque da última vez ele tentou o suicídio.
    A família sofre muito, principalmente eu (pai) e a minha esposa porque ele é um garoto bom.
    Qual o tratamento ideal pra ele?

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