Capacidade de comunicação é diferencial nas relações

Fato
Capacidade de comunicação é diferencial nas relações
São José do Rio Preto, 21 de Janeiro de 2009
Lézio Júnior/Editoria de Arte

Francine Moreno

0:40: – O democrata Barack Obama teve uma vitória histórica ao chegar à Casa Branca como primeiro presidente negro depois de uma votação que teve comparecimento recorde de americanos às urnas. A boa comunicação, uma das principais ferramentas utilizadas por ele durante a campanha, foi um dos principais requisitos para tal êxito. Por meio das palavras, ora gentis, ora firmes, o democrata conquistou um verdadeiro exército de jovens eleitores e de admiradores estrangeiros, todos empolgados em militar a favor de sua candidatura. E os resultados estão aí. Na tarde de ontem, Barack Obama tomou posse. “Quando você consegue conversar, diariamente, de várias formas, tem uma possibilidade de se relacionar de forma mais afetiva”, explica a psicóloga Rita Romaro, da Universidade São Francisco. Ao fazer um paralelo com a campanha do candidato democrata, a especialista Rita revela que Obama usou em sua campanha um diálogo mais claro. “Quanto mais claras as idéias, mais discriminados os sentimentos e mais abertas as relações”, afirma. O tipo de comunicação acaba sendo o termômetro da relação. Uma comunicação clara e funcional é indicio de uma relação aberta, capaz de lidar com dificuldades e diferenças.

Da mesma forma que numa campanha o que ganha é um conjunto de ações, a falta também causa danos. Umas das maiores causas de desentendimento entre as pessoas é a dificuldade de comunicação. A falta de clareza de uma mensagem abre brechas para interpretações equivocadas, com consequências indesejáveis. “O importante é checar se o que foi dito foi de fato compreendido, pois os códigos, as ironias, os três pontinhos, as evasivas minam qualquer relação, abrindo espaço para o não dito, que pode tornar-se maldito. Nada melhor do que brigar por aquilo que está claro ao invés de remoer pelo que pode ser apenas suposições, muitas vezes errôneas”, revela Rita Romaro. A efetividade da comunicação pode ser avaliada pelas consequências que produz numa determinada situação. “A habilidade para se expressar de maneira competente, o modo como a pessoa manifesta seus sentimentos, desejos, opiniões ou direitos, influenciam o comportamento dos demais e podem solucionar problemas, evitar conflitos futuros e fortalecer a qualidade da relação”, afirma a psicóloga cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira.

Assim, a especialista Mara explica que a comunicação efetiva ou a assertividade envolve ajuste do tom de fala, escolha da linguagem, sustentação do olhar e postura, todos de acordo com a intenção do indivíduo e com a mensagem que pretende transmitir. Aprender a se comunicar é tão fundamental quanto aprender a ler e escrever. O princípio para adquiri-la é autoconhecimento. Com ele você pode emitir e solicitar esclarecimentos, ser capaz de lidar com os próprios limites e admitir o não saber. “Uma boa pergunta abre o espaço para o novo, para repaginar-se”, complementa Rita Romaro. Utilizar bem o idioma é outra condição, precisa de muita leitura e de cursos , desde a infância.

Na opinião da psicoterapeuta comportamental neurolinguista Marcelle Vecchi, a comunicação interna determina o tipo de mensagens que estamos enviando ao nosso inconsciente, se de boa qualidade afeta positivamente até nossa saúde física e mental. “Se me comunico bem comigo mesmo, conheço-me melhor e em consequência minha autoestima também melhora.” Nesta corrente, Rita Romaro afirma que só sabe conversar quem sabe ouvir, pois a comunicação é composta do ouvir e do falar, senão torna-se um monologo infrutífero, no qual não são possíveis atualizações e novos aprendizados.

SAIBA MAIS:

O princípio da boa comunicação, segundo a psicóloga
Mara Lúcia Madureira se fundamenta no conhecimento
e respeito aos direitos humanos básicos. Abaixo exemplos alguns:

:: Poder avaliar, julgar e reconsiderar seus próprios pensamentos, emoções e comportamentos

:: Ser tratado com respeito e dignidade

:: Poder expressar desejos, descontentamentos, desacordos, fazer pedidos

:: Pensar de maneira discordante e expressar suas opiniões

:: Poder errar, ser responsável por seus erros e desculpar a si mesmo

:: Tomar decisões de acordo com seus sentimentos, sem ter de agir sempre de forma lógica e racional, se assim o quiser

:: Deixar de responder, pensar antes de formular uma resposta, admitir ignorância

:: Valorizar a si e reconhecer suas qualidades publicamente

:: O direito de defender ou não seus próprios direitos; escolher suas próprias emoções e vivenciá-las a seu modo

:: Negar pedidos, recusar propostas sem se sentir culpado por isso

:: O direito de pedir o que quiser (entendendo que a outra pessoa tem o direito de dizer não)

:: Saber que suas necessidades pessoais são tão importantes quanto as dos demais

:: Decidir, por si, satisfazer ou não as vontades ou expectativas de outras pessoas

:: Discutir um problema até o limite da compreensão dos envolvidos

:: Escolher como deseja se comportar, desde que essa escolha não desrespeite os direitos dos demais

É importante saber ouvir
Comunicar-se efetivamente é saber a quem você está dirigindo sua comunicação. O efeito dependerá daquilo que se pretende obter, numa situação específica. A qualidade da comunicação depende de um conjunto de habilidades para expressar ideias, pensamentos, desejos, afetos e desacordo sem desrespeitar a si e aos outros, e sem deixar margens para interpretações dúbias ou equivocadas. Neste conceito as palavras têm o poder de acessar registros inconscientes e sensações físicas. Possuem energia própria e vibram em suas frequências específicas, modificando estados mentais e emocionais. A psicoterapeuta neurolinguista Marcelle Vecchi cita como exemplo um lugar onde há pessoas que emitam palavras negativas de insatisfação, reclamação, críticas e doenças, e por consequência só atraem fatos negativos ou pessoas que também estejam nessa vibração.

“Se ficarmos ao lado dessas pessoas, logo sentiremos cansaço, dores de cabeça, sensação de esgotamento físico ou mental. E elas provavelmente vivem com essas mesmas sensações, sem se dar conta que são elas mesmas as culpadas disso.” O melhor é seguir o conselho de Madre Teresa de Calcutá que diz: “Palavras gentis podem ser breves e fáceis de se falar, mas seus ecos são intermináveis”. Segundo Marcelle, as palavras gentis, como elogios, têm mais poder do que imaginamos. “Há pesquisas que mostram que um elogio sincero repercute na cabeça de quem o escutou durante muito tempo.” E tão importante quanto falar é ouvir. Assim se obtém informações para conduzir sua comunicação. “Saiba extrair da fala de outra pessoa o que é relevante para a compreensão e qualidade do diálogo e tenha habilidade para interromper a conversa sem comprometer a relação”, diz a psicóloga Mara Lúcia Madureira.

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