Teoria da Complexidade

Quando pensamos o homem, torna-se impossível pensá-lo com um ser isolado, pois ele pertence de forma inexorável a diversos sistemas interdependentes, com níveis diferentes de complexidade. Sistemas estes que se intercomunicam, inter-relacionam, interagem, são co-atuantes, abrangendo a esfera biológica, social, política, cultural, planetária, cósmica…

Cabe lembrar que o conceito de sistema implica em mais do que a soma das partes, que sua unidade não pode ser reduzida a unidades menores, que sua totalidade implica em estruturas específicas resultantes das interações e interdependência de suas partes, de forma dinâmica.

O paradigma da complexidade nos leva a uma ampliação do foco de observação, visto considerar diversos sistemas interligados que agem independentemente de nosso conhecimento ou vontade, considerando-se a imprevisibilidade, os saltos qualitativos, os opostos que se complementam, a possibilidade de auto-organização que regem o constante processo de mudança que se chama VIDA.

Um exemplo é o corpo humano onde cada órgão implica em um sistema complexo que interage e é interdependente dos outros órgãos e sistemas, sendo esse equilíbrio dinâmico responsável pelo que comumente denominamos saúde ou enfermidade.

Esse paradigma opõe-se a uma lógica cartesiana, linear, assemelhando-se a um caleidoscópio, cuja imagem sempre contará com os limiares de percepção e observação daquele que olha, bem como com das vivências que compõem seu mundo interno (a que damos o nome de SUBJETIVIDADE).

O organismo vivo está em constante crescimento e transformação (não é fabricado), traçando seu caminho ao caminhar, sendo sua estrutura orgânica determinada por processos, por organizações dinâmicas, com possibilidade de variações e flexibilidade, o que permite a adaptação e a criatividade, bem como pode levar a estagnações, retrocessos, cristalizações (o que se ligaria ao processo de adormecimento).

Todo sistema vivo se auto-organiza, possuindo como princípios básicos a autonomia, a auto-renovação (capacidade de se repaginar, se re-significar, se reciclar, esse processo implica também o ciclo de nascimento e morte…), a autotranscendência (capacidade de evoluir), a autoconservação. Esses processos atuam de forma interdependente, por vezes como opostos complementares.

De acordo com Morin (2002, p.65), “A riqueza da humanidade reside na sua diversidade criadora, mas a fonte de sua criatividade está em sua unidade geradora”.

A teoria da complexidade amplia nossos horizontes, levando a uma concepção sistêmica da vida, com o questionamento das verdades absolutas, dos sistemas educativos, governamentais, relacionais. Implica na aceitação do não-saber, do vir a ser, da co-construção e da re-significação dos eventos e vivências, das mudanças, da aceitação de que só conseguimos ou pensamos ser capazes de explicar poucas coisas na vida e que na maioria das vezes contamos com versões parciais de nós mesmos e do mundo.

Morin, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Ed. Cortez, 2002.
Capra, F. O ponto de mutação. São Paulo: Editora Cultrix.

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