O diagnóstico em saúde mental

A saúde mental está associada à qualidade de vida, á forma de reagir às adversidades e à busca do prazer através das relações intra e interpsíquicas, abrangendo os âmbitos pessoal, cultural, social e político.

A questão do diagnóstico não pode deixar de considerar os aspectos relativos à singularidade do indivíduo na busca de uma forma de vida que atenda às suas necessidades, possibilidades adaptativas, atentando para a qualidade de vida obtida.

Um diagnóstico tem a função de auxiliar na compreensão do modo como a pessoa se coloca no mundo, como sente, se relaciona, lida com seus acertos e erros, possibilitando uma melhor indicação de tipos de tratamento, sempre atentando para os progressos e/ou retrocessos.

Um diagnóstico psiquiátrico não significa a perda da individualidade, nem torna a pessoa “uma estranha” para si mesma ou para aqueles com quem convive. Ao contrário, pode possibilitar a compreensão:

  • do por que algumas coisas acontecem de uma determinada forma;
  • das limitações e potencialidades, o que pode tornar menos tensa as relações familiares visto as expectativas tornarem-se mais realistas, talvez reduzindo a angústia e os pólos de atrito;
  • das “zonas de perigo”, que são situações, abordagens que acabem por desencadear reações desconcertantes, podendo-se buscar formas mais efetivas de resolução;
  • dos momentos em que a própria pessoa ou o outro esteja se encaminhando para uma descompensação ou crise, possibilitando a busca rápida de atendimento;

melhor adesão ao tratamento, seja este medicamentoso ou terapêutico.
Uma questão fundamental antes de rotularmos algo como piora seria: essa reação não poderia ser esperada por qualquer outra pessoa em uma situação semelhante? Essa reação de fato é desadaptativa? Ou será meu preconceito, meu receio?

O estabelecimento de um diagnóstico é uma etapa difícil e importante de qualquer processo terapêutico, em geral levando algum tempo. O diagnóstico pode ser utilizado de diversas formas, possuindo potencialmente um importante aspecto terapêutico e preventivo, que precisa ser resgatado e estudado, para que possamos questionar as limitações, possibilidades e interligações de diversos quadros psicopatológicos.

Todo diagnóstico deveria implicar em um esclarecimento para o paciente e para as pessoas com as quais convive (cônjuge, filhos, irmãos, pais, entre outros) de seu significado, riscos, possibilidades, limitações. Quando se cria um espaço de discussão sobre as angustias, temores, dúvidas que um diagnóstico encerra, outras possibilidades de compreensão e relacionamento abrem-se, tornando conhecível e até certo ponto controlável o que parecia tão sem saída. Uma alternativa para isso seria o Grupo Psicoeducativo.

Cabe lembrar que existem pessoas que no momento apresentam uma série de sinais e sintomas característicos de um determinado quadro psicopatológico, mas que a vida dessa pessoa nunca será limitada a esse diagnóstico. Sua rede de relações, os recursos (principalmente os afetivos) de seu ambiente familiar, seu trabalho possuem um peso significativo para que possa ou não lidar com suas limitações.

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