Violência doméstica – Indicadores de maus-tratos

A ocorrência de maus-tratos pode ser percebida não só por marcas físicas de espancamento, tortura, mas também por alterações comportamentais, emocionais, cognitivas, pela alteração do desempenho acadêmico ou profissional. Cabe lembrar em que qualquer tipo de violência (física, sexual, abandono, negligência) associa-se a violência psicológica.

Devemos ficar atento aos “constantes acidentes” em geral mal explicados, que geram marcas, hematomas, queimaduras, fraturas, principalmente quando acompanhados de um olhar temeroso e tristonho da vítima. Nesse sentido as escolas, os pronto-socorros, os serviços de pronto-atendimento desempenham um importante papel de encaminhamento e denúncia.

Algumas manifestações psicológicas na vítima, em curto prazo, de acordo com Day e cols.(2003) e Ministério da Saúde (2001):

  • transtorno do sono, pesadelos repetitivos;
  • transtorno de alimentação;
  • ansiedade, raiva, culpa, vergonha;
  • medo do agressor e de pessoa do mesmo sexo;
  • quadros fóbico-ansiosos (medos, pânico) e depressivos agudos (fadiga, choro fácil e sem motivo aparente, comportamento autodestrutivo, possíveis tentativas de suicídio);
  • queixas psicossomáticas;
  • isolamento social;
  • aversão ao contato físico, apatia ou avidez afetiva;
  • retardo psicomotor sem etiologia definida, com melhora quando a criança se separa da família (hospitalização);
  • conduta agressiva e irritabilidade;
  • interesse precoce em brincadeiras sexuais ou conduta sedutora;
  • comportamento regressivo;
  • comportamento submisso;
  • desenhos ou brincadeiras que sugerem violência;
  • baixo nível de desempenho escolar;
  • fugas, mentiras, furto;
  • baixa auto-estima;
  • aversão a qualquer atividade de conotação sexual;
  • enurese e encoprese.

Danos tardios, de acordo com Day e cols. (2003):

  • aumento significativo na incidência de transtornos psiquiátricos;
  • dissociação afetiva, pensamentos invasivos, ideação suicida e fobias mais agudas;
  • níveis mais intensos de ansiedade, medo, depressão, isolamento, raiva, hostilidade e culpa;
  • cognição distorcida, tais como sensação crônica de perigo e confusão, pensamento ilógico, imagens distorcidas do mundo e dificuldade de perceber realidade;
  • redução na compreensão de papéis mais complexos e dificuldade para resolver problemas interpessoais.

Referências Bibliográficas:

DAY, V.P. TELLES, L.E.B., ZORATTO, P.H., AZAMBUJA, M.R.F., MACHADO, D.A., SILVEIRA, M.B., DEBIAGGI, M., REIS, M.G., CARDOSO, R.G.; BLANK, P. (2003). Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista de Psiquiatria. Rio Grande do. Sul:  Porto Alegre,  v. 25.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo >. Acesso em: 21  Set  2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2001). Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática http://bvcms.saude.gov.br em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. < > acesso 29/09/2006.
ROMARO, R.A. TANAKA, K.R. Indicadores de violência e maus-tratos. In: ROMARO; CAPITÃO. As Faces da Violência: aproximações, pesquisas e reflexões. São Paulo: Editora Vetor, 2007.

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