A importancia do brincar e do brinquedo

O brincar é uma atividade lúdica que possibilita que a criança entre em contato com seu mundo interno, expresse e elabore suas angustias, medos, nas diversas etapas de seu desenvolvimento com seus ganhos e perdas. Possibilita também que conheça seu mundo externo, desenvolva suas relações com os outros, desenvolva a capacidade de simbolizar, que está na base de toda e qualquer aprendizagem. Criança que não é capaz de brincar, não é capaz de simbolizar e de aprender, com prejuízo de seu desempenho acadêmico e relacional.

O brincar com o outro, cria um espaço relacional, que aprofunda a relação da criança com os pais e com as outras crianças, possibilitando a criação de situações, com seus imprevistos, necessidades de resolução, frustrações, prazeres, espontaneidade.

O adulto acaba delimitando o espaço fisicamente, cuidando dos limites necessários para a segurança, do tempo disponível, o que gera momentos de frustração que precisam ser superados com a criança. Quando o adulto tem essa disponibilidade, de ir modificando ou parando a brincadeira de uma forma tranqüila, a criança vai aprendendo que tudo tem um fim, um limite, e que isso não é castigo, não é porque o outro seja ruim, ou porque ela seja ruim, mas sim por que é um dado da realidade. Tal questão ajuda no desenvolvimento e formação de suas funções egóicas, possibilitando melhor nível adaptativo e fortalecimento da autoestima.

A criança tem a capacidade de brincar desde muito cedo, sozinha com as mãos, com a mão da mãe, aos poucos dá seus gritinhos com móbiles, interessa-se pelo chocalho, depois pela brincadeira de esconde-esconde (“cuca”…), com o cachorro. Nessa brincadeira a criança vai trabalhando a separação, o objeto que aparece e desaparece. Tudo isso ocorre nos primeiros meses de vida.

Quando a criança começa a ter melhor mobilidade (engatinhar, andar) começa a interessar-se por outras coisas, como carrinhos, bichinhos, coisas em movimento… E assim vai ao longo de seu desenvolvimento, que quando normal, vai possibilitando uma gama de novos jogos, descobertas, estimulando a criatividade.

Um aspecto importante é o tipo de brinquedo que se dá a criança, de preferência os brinquedos que estimulam a criatividade (que não façam tudo sozinho), a ajudam a criar situações, a expressar suas dificuldades, elaborar seus medos e anseios. Os brinquedos representam seu mundo interno, são importantes para ela, sendo que o cuidado com os mesmos refletem um cuidado consigo própria. Nesse sentido é importante a ajuda dos pais para conservá-los, consertá-los (o que equivale ao processo de reparação dos danos), deixar que a criança brinque também com os objetos quebrados (aprendendo a lidar com as limitações, com os aspectos pouco aceitos de si). Quando os brinquedos são descartáveis, isso dificulta que a criança estabeleça e cultive seus vínculos (o brinquedo para ela é um coleguinha, a boneca, o bichinho de pelúcia um filhinho, etc.), aprenda a lidar com as frustrações e desenvolva um sentimento de segurança e respeito.

Respeitar o quarto e os brinquedos do filho é respeitá-lo, valorizar seus interesses, sua produção (montagens, desenhos).

E importante que a criança brinque com os pais, mas também é importante que ela aprenda a brincar com as outras crianças. Provavelmente ela tratará as outras crianças da forma como é tratada em casa, identificando-se com as figuras parentais.

Ao brincar com a criança o adulto também se renova, dá vazão a sua espontaneidade e criatividade, envolve-se, relaxa. E para brincar, não ensinar, alternado papéis, permitindo-se ser conduzido pela brincadeira da criança, por vezes criando junto uma brincadeira, o que só fortalece a relação e a cumplicidade necessária para uma relação de confiança. Sempre se respeitando a idade da criança.

Brinca-se quando se tem vontade, possibilidade, não por obrigação ou culpa pelos períodos de ausência.

Mesmo na era digital é possível atividades em conjunto que estimulam a criatividade, a interação. E importante dosar esse tempo, valorizando a brincadeira corporal, face a face, relacional.

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