A arte de criar os filhos

Existe um velho e sábio dito popular – “A mão que balança o berço é a mão que conduz o destino” – que não deve ser negligenciado quando assume-se o compromisso de se gerar ou adotar uma criança.

Tanto a figura do pai quanto a da mãe são importantes para o desenvolvimento da criança, devendo os mesmos exercer suas funções parentais de garantir a sobrevivência, a possibilidade de trocas afetivas, de inserção na cultura e socialização da criança. Para isso precisam de equilíbrio emocional, maturidade, afeto, carinho, sensibilidade, responsabilidade e consciência de que são modelos de identificação para seus filhos.

Nem sempre essa figura parental é o pai ou a mãe biológica, não importa, o que conta é ser uma figura capaz psicológica e emocionalmente de exercer a função paterna e/ou materna. A função materna associa-se à capacidade de contenção dos afetos, impulsos, à possibilidade de amar, de estabelecer trocas afetivas, de apresentar o mundo à criança na ótica do afeto.
A função paterna cabe a inserção na cultura, o estabelecimento e cumprimento de normas, de leis; cabe também cortar a simbiose mãe/bebe e possibilitar que ambos cresçam, a mulher sendo mulher e a criança sendo criança. Quando os pais são saudáveis emocionalmente, os dois exercem ambas as funções, dependendo da necessidade e do contexto, sempre em prol de um melhor desenvolvimento da criança e guiando-se pela premissa que tanto o SIM quanto o NÃO são fundamentais para a saúde emocional nas relações.

Uma criança pode ser criada somente pela mãe ou somente pelo pai – cada qual tem sua historia, suas perdas, suas possibilidades para optar e necessitar criar um filho sozinho. Mas essa criança tem ou teve um pai ou uma mãe biológica – e precisa, tem o direito de saber de suas origens, das opções realizadas ou não, por ambos – existirá sempre em sua mente a representação de pai e mãe.

Quem cria sozinho a criança, pode fazê-lo muito bem tecnicamente, exercendo de forma saudável as funções maternas e paternas, mas provavelmente nunca substituirá, na fantasia e vida mental da criança o “o outro ausente”. E para a própria saúde mental do pai ou da mãe, ele continua sendo uno, não é onipotente, nem onipresente, só está, nessa fase da vida, por diversas circunstâncias, criando o filho sozinho. Em geral a criança tende a delegar o papel da mãe a alguém de suas relações (avó, tia, professora, alguma mulher adulta, na tentativa de suprir a falta dessa representação e relação). O mesmo ocorrendo quando a figura ausente é o pai.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Para o topo